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Arquitetos: LAGAR Arquitectos
- Área: 356 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Nico Saieh, Francisco Ibañez, Andrés Laborde
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Fabricantes: Austral sur, Casa Mobili, Comercial Arratia
Descrição enviada pela equipe de projeto. O lago Llanquihue está povoado por galpões de madeira centenários, provavelmente as construções mais sustentáveis que temos pois, graças ao desenho rudimentar, grande engenho e beleza natural, são capazes de absorver novos usos, ampliações e programas (uma obra = muitas vidas). As telhas de madeira que cobrem estes galpões e outras construções fazem parte do patrimônio local, que nos conecta a um comércio quase perdido e a uma comunidade que se desenvolveu em torno de construções em madeira.
O desafio do projeto foi trazer a linguagem volumétrica e material para uma casa que teve de ajustar seu uso de 2 para 8 habitantes, aproveitar as vistas do lago ao leste e dos vulcões e ter baixa demanda de energia e manutenção.
A proposta consistiu em criar volumes separados, pequenos galpões independentes que se localizam num núcleo central, quase como um exterior-interior, com todas as faces revestidas com telhas de madeira reciclada. Este núcleo envidraçado de 360° permite desfrutar de toda a luz do dia e das cores que os azulejos refletem em todos os ângulos. Além disso, através deste espaço, é possível acessar um mezanino com a melhor vista para o lago.
Este sistema de volumes separados permite a abertura e fechamento de zonas de acordo com o número de habitantes e confere independência à gestão térmica e acústica. Os pavimentos interiores e exteriores ligam estes setores entre si e ao jardim exterior. A torpeza dos galpões é rompida pela versatilidade dos pavimentos e terraços, que se ajustam às mudanças de ângulo e topografia do terreno. Esta geometria de volumes permite também a geração de sombras e corredores de vento, muito valiosos em diferentes épocas do ano.
A princípio, a relação é feita por meio de volumes cegos versus espaços translúcidos mas, na prática, todos os quartos têm boa luz natural, complementada por algumas claraboias e vistas deslumbrantes sobre os campos circundantes.
A casa é vivida de forma muito confortável e dinâmica, conectando volumes simples ao terreno, ao morro e inseridos nas horas do dia, no sistema construtivo da carpintaria, nas estações do ano e nas mudanças das plantas no jardim.
O sistema construtivo escolhido foi o radier com fundações contínuas e estrutura principal em pilares de madeira 8x8”. As paredes e a cobertura são montadas em várias camadas isolantes, membranas e revestimentos para garantir a estanqueidade à água e ao vento, mantendo-as sempre ventiladas. Os materiais de revestimento interior são maioritariamente pinus para os quartos e corredores, azulejos reciclados e retificados no núcleo central com algumas paredes em tábuas de louro. A sala de estar, sala de jantar, cozinha e churrasqueira foram revestidas com madeira. O exterior foi feito em zinco pré-pintado corrugado e todas as janelas de PVC.
A casa, localizada em uma colina aberta e com amplas vistas para o horizonte, constrói espaços de intimidade dividindo os pátios, emoldurando as vistas e registrando os momentos do dia através de uma linguagem que repete uma tipologia conhecida, onde a surpresa se dá pelo resultado da livre disposição destes volumes e das possibilidades que se abrem na relação com o jardim e na contemplação da paisagem.